top of page
Foto do escritorJimmy

A Ansiedade Social

Eu sou do tipo que não precisa ter ninguém cobrando ou pressionando, eu mesmo já faço isso por mim. A ansiedade é uma coisa louca. Parece que a nossa cabeça vai construindo caminhos por conta própria e sempre consegue deixar algo, que não deveria ter tanta importância, do tamanho e com o peso de um mundo nas costas.


Nós ansiosos somos especialistas em potencializar sentimentos. Pessoais comuns sentem X, ansiosos sentem 10X ou mais. Também para sentimentos bons, mas principalmente para sentimentos que nos deixam aflitos. Comigo desde sempre foi assim. A começar pelo fato de eu ter nascido prematuro, com 6,5 meses.


pessoas aglomeradas se manifestando de diferentes formas como em uma torcida

A minha convivência com a Ansiedade Social existe desde bastante jovem, mas só muito recentemente eu comecei a me autoconhecer melhor e entender o que era aquilo que me deixava atordoado, com vontade de ficar sozinho ou ainda em crises de choro ou falta de ar. Sempre como se o mundo estivesse acabando.


Na infância eu me preocupava em dias que antecediam provas, ficava tenso ao imaginar o que os meus amigos pensavam de mim e era super sensível ao feedback de qualquer pessoa sobre mim. Isso continuou na adolescência e início da idade adulta, com as responsabilidades aumentando o mesmo acontecia com a ansiedade sobre elas.


Até que eu observei que não suportava ser questionado ou cobrado sobre alguma coisa. Às vezes tarefas simples, principalmente profissionais, na minha relação com “estranhos”. Quando alguém chegava para mim e perguntava:


“- Jimmy, e aquela tal coisa?”

Pronto, era o fim do mundo. Isso porque eu sempre precisei estar um passo à frente de tudo. E não admitia errar, ou falhar. A minha ansiedade não deixava que as coisas passassem por mim sem serem vistas. Eu me pressionava muito para isso acontecer. Quando alguém vinha com o ar de “você esqueceu algo”, era como se enfiasse o dedo na ferida.


Era como dizer que eu tinha falhado na única coisa que eu não poderia falhar.


Ao longo do tempo isso foi desenvolvendo em mim uma rotina de autocobrança, eu mesmo me massacrando ao querer responder rapidamente a todos os “porquês” que a vida me apresentasse. Me fez refletir sobre a conduta de cobrança que existe na sociedade. As pessoas ficam esperando as coisas umas das outras e todo mundo fica correndo que nem louco para encontrar as respostas para isso.


Queremos saber quando você vai se formar? Quando você vai sair de casa? Quando você vai casar? Trocar de carro? Encontrar um bom emprego? Viajar para o exterior? E ter filhos, hein?


São perguntas que não param de martelar na nossa cabeça nem mesmo por um dia sequer. Elas são feitas normalmente nos momentos em que estamos mais vulneráveis. Seja no churrasco da família ou na mesa de boteco com os amigos.


Um quer saber se o outro está na frente ou já conseguiu conquistar aquela medalha que nos faz ser mais aprovados socialmente.


Inicialmente nós ficamos apáticos com tanta cobrança vindo de todos os lados. Ficamos achando que é um problema pessoal, “nossa só eu não consigo”. E nos sentimos obrigados a dar uma resposta de imediato, de bate pronto. Pode até ser uma mentira ou algo inventado ali na hora para tentar disfarçar o que achamos ser a nossa própria incapacidade de evoluir na vida.


Nessas horas a ansiedade vem forte. Saímos tristes e vamos dormir calados quando isso acontece. A cobrança não é um estímulo, ela nos tira a força. É assim que eu me sentia.


Recentemente eu me dei conta de que a verdade é que não precisamos, e não devemos, ter respostas prontas para tudo em nossa vida. O entendimento é que a jornada de cada um ao longo do tempo acontece de maneira diferente, com objetivos diferentes, pontos de largada e chegada distintos.


Não estamos em uma competição homem a homem para

ver quem chega primeiro.


Você não precisa deixar agendado com sua tia quando terá o primeiro filho. Não precisa confirmar para o seu amigo que dia fecha a compra do apartamento. Você não precisa nada para ninguém. Você precisa de você.


Esse é o ponto mais crítico. Quando tentamos atender a esse amontoado de expectativas nós nos desviamos da nossa própria rota. Acabamos nos perdendo de nós mesmos em vez de fazer aquilo que queremos. Algo que sim nos faria crescer na nossa própria jornada. Não por que alguém espera, mas sim porque aquilo é importante para nós.


Você não precisa ter respostas prontas, elas só podem ser formuladas com o decorrer da vida.

10 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page